Dia da Mulher e Carnaval

DISCLAIMER: My non-portuguese speaking friends must forgive me, but I must write this post in portuguese. It is something regarding brazilian economy, politics and all, so I just had to write in Portuguese.

Don't worry, this will remain an English language blog, aside this one entry ;)

Bom, depois desse pequeno aviso, vamos aos negócios.

A ideia desse post começou com esse vídeo abaixo, então peço que assistam, é rapidinho!

Uma coisa que eu nunca esquecerei da aula de História é a Política de Pão e Circo. Na Roma Antiga, para deter o povo, mantê-lo alienado, sem se revoltar, sem reclamar dos políticos corruptos, dos altos impostos, da escravidão, da falta de futuro, o governo aplicava a política Panis Et Circences - Pão e Circo - que consistia de fazer eventos no Coliseu e distribuir pão, o povo estava com a barriga cheia e distraído.

Voltemos ao Brasil atual. Bolsa Família como pão e Futebol, BBB, Novela e, mais que tudo, Carnaval como circo.

O povo alimentado e distraído  não nota o que os governantes fazem, não nota para onde o país vai e, mesmo se parar para analizar algo, muitas vezes será qual escola é campeã do Carnaval, que time tem mais chance de ganhar o jogo, quem vai sair do BBB, como aquela vilã da novela é malvada e o que vai acontecer com a mocinha agora... 

Agora, esse vídeo

O vídeo diz

Nós somos iguais, não 007?
O ano é 2011 e um homem tem mais chance de ganhar mais dinheiro que uma mulher,
mesmo fazendo o mesmo trabalho
você tem mais chance de entrar na política
ou de se tornar um diretor de uma empresa
como homem, há menos chance de você ser julgado por comportamento promíscuo
o que é tão bom quanto
e praticamente nenhuma chance de ser vítica de um ataque sexual
e, ao contrário das 31 mil mulheres no Reino Unido
que perdem seus empregos anualmente por causa da gravidez
não haveria praticamente nenhum risco à sua carreira se você escolhesse se tornar pai

ou se tornasse um por acidente

para alguém com tal gosto por mulheres

Eu imagino se você já imaginou como seria ser uma

o mundo mudou
mas os números permanecem estáticos contra nós
as mulheres são responsáveis por 2/3 do total de trabalho feito no mundo todo
mas ganham apenas 10% do total de renda
e são donas de 1% das propriedades.
Não é só apenas sobre dinheiro e poder
a cada ano, 70 mil meninas são negadas mesmo a mais básica educação
e um assustador 60 milhões são atacadas sexualmente no caminho para a escola

nós temos medo de andar nas ruas à noite

mas algumas de nós têm mais medo ainda de voltar às nossas casas

ao menos 1 em cada 4 mulheres é vítima de violência doméstica

e a cada semana, 2 mulheres no Reino Unido são mortas por um parceiro atual ou antigo

Então, somos iguais?

Até que a resposta seja sim, nunca devemos parar de perguntar.

E o que isso tem a ver com o carnaval? O que tem a ver é que justamente nesse ano, o Dia Internacional da Mulher caiu na festa mais masculina de todas, o carnaval. Música, bebida, mulher pelada. Um dia que seria para refletir, pensar no que está errado no mundo das mulheres, virou bagunça, barulho, sexo. Mulheres exibindo seu corpo, mostrando tanta roupa quanto neurônios (quase nenhuma).
Não tenho nada contra mulheres lindas, gostosas mesmo, exibindo seu corpo. Desde que o façam porque gostam, não porque a festa do carnaval exige, porque querem que os homens vejam, porque querem ganhar dinheiro. Não tenho nada contra mulheres que ficam em casa, não tem carreira - desde que tenham considerado as hipóteses e decidido, por si mesmas, o que queriam.
O que me incomoda não são as escolhas tomadas e as vidas vividas, mas sim as motivações. A mulher que fica em casa porque acha que é assim que tem que ser é vítima da sociedade, na minha opinião. Se ela QUER ficar em casa, criar seus filhos melhor, cuidar da casa, entre outros, beleza, é a escolha dela e por mais que eu não queira para mim, é problema dela. Agora... Fazer algo porque "acha que é assim que tem que ser" ou porque "é o que se espera" não pode, não deve existir.
Ainda há muito para se lutar, para se trabalhar e não podemos nos dar ao luxo de nos embriagarmos com o circo, pensando que há muito tempo depois do carnaval para pensar nisso. Pois depois do carnaval começa a se falar de páscoa, daí Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, dia das crianças e logo é Natal e Carnaval novamente e vivendo sempre para a próxima data, o próximo feriado acabamos nunca notando que o presente está passando e continuamos tão pobres de espírito, de mente e explorados como sempre.

Você quer ser enganado para o resto da vida? Eu quero conseguir enxergar claramente o que há na minha frente e o que estão fazendo. Posso não poder mudar, mas pelo menos eu vejo, eu sei, não sou conduzida como gado, não sou enganada.